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Para Roberto Rossellini, este é o seu filme mais original. La macchina ammazzacattivi descobriu-se há poucos anos, depois de ter sido restaurada. Rosselini baseia-se no neorrealismo ou no realismo como ponto de partida, para então encontrar um caminho próximo à fábula, a partir de um texto de Eduardo de Filippo. Rossellini permite espaço para a fantasia, ainda que mantenha a improvisação respeitante ao guião, a rodagem documental de cenas reais despojadas de artifícios cinematográficos e a genuína mistura de actores profissionais com actores amadores no elenco dos seus filmes.
Um modesto fotógrafo de uma pequena cidade costeira recebe de um estranho personagem — que lhe aparece apresentando-se como Santo André — o dom de petrificar qualquer pessoa ao tirar a sua fotografia. Celestino, assim se chama o fotógrafo, institui-se deste modo como uma espécie de justiceiro que decide indiscriminadamente sobre o bem e o mal. Celestino perde o controle da máquina: agora é ela quem o domina.
Uma fábula sobre a desconfiança no poder da câmara (ou do cinema) para reproduzir a vida.
Drama - Fr/IL, 2019, M/14, 123 min. V. O. em Francês, Inglês e Hebraico/Legendado em Português/English Subtitles
Realização: Nadav Lapid
Argumento: Nadav Lapid, Haim Lapid
Fotografia: Shai Goldman
Com: Tom Mercier, Quentin Dolmaire, Louise Chevillotte
O drama migratório incomum do co-argumentista e realizador israelita Nadav Lapid segue Yoav (Tom Mercier), um jovem israelita determinado a apagar sua identidade nacional e tornar-se francês. Com a ajuda de um dicionário franco-israelita, ele resolve parar de falar hebraico, deixar para trás o seu passado conturbado e fazer o teste de naturalização.
Lapid apresenta variantes da identidade israelita em conflito, dando continuidade à investigação temática realizada nos seus dois primeiros filmes, Policeman e The Kindergarten Teacher. Ao colocar Synonyms fora de Israel, Lapid introduz pela primeira vez uma dimensão internacional explícita. Yoav imagina a França como uma utopia, cujos valores igualitários fundamentais - liberdade, igualdade, fraternidade - e estrita separação entre a Igreja e o Estado são o oposto dos valores de Israel.
Nadav Lapid continua a exibir uma mistura singular de intensidade e absurdo, bem como uma atenção distinta à arte cinematográfica. Trabalhando novamente com Shai Goldman (Director de Fotografia), ele cobre cenas inteiras com longos e médios close-ups, enquanto 'empurra' os personagens (e o espectador) até ao ponto de ruptura.
2019: Berlin International Film Festival: Urso de Ouro - Melhor Filme, Prémio FRIPESCI
2019: Sydney Film Festival: Nomeado Melhor Filme
Documentário - US, 2018, M/12, 130 min. V. O. em Inglês/Legendado em Português
Realização e Argumento: Michael Moore
Fotografia: Luke Geissbuhler, Jayme Roy
Com: Michael Moore, David Hogg
Michael Moore, grande realizador de documentários, vencedor de um Óscar por Bowling for Columbine e a Palma de Ouro por Fahrenheit 9/11, retrata uma vez mais a realidade sociocultural dos EUA e o momento político que o país vive neste momento.
O título Fahrenheit 11/9 faz referência ao seu aclamado documentário Fahrenheit 9/11 pela data na qual Donald Trump foi declarado presidente eleito, a 9 de Novembro de 2016. Michael Moore retrata a eleição presidencial de 2016 e os dois primeiros anos de mandato do presidente, tentando responder às duas questões mais importantes da era Trump: “Como diabo chegámos nós aqui?” e “Como é que saímos?"
Moore espera que os factos mostrados no seu documentário sejam tão devastadores que o filme contribua para minar a credibilidade que Trump tem entre os seus seguidores.
2018: Writers Guild Awards (WGA): Nomeado Melhor Argumento de Documentário
2018: Prémios Razzie - Pior Actor (Trump)
Drama - KR, 2018, M/12, 148 min. V.O. em Coreano/Legendado em Português/English Subtitles
Realização: Lee Chang-Dong
Argumento: Lee Chang-Dong, Jungmi Oh (Conto: Haruki Murakami)
Fotografia: Kyung-Pyo Hong
Com: Yoo Ah In, Yeun Steven, Jun Jong-seo e Seong-kun Mun
Burning, do realizador coreano Lee Chang-Dong, inspirado no conto Os Celeiros Incendiados de Haruki Murakami, foi aclamado pela crítica no Festival de Cannes e considerado como um dos melhores filmes de 2018.
Jongsu é um jovem que se encontra casualmente com Haemi, uma amiga da infância. Praticamente quando a relação começa a arrancar, ela vai para África deixando-o a cuidar da sua gata. Quando ela regressa, Jongsu descobre que Haemi conheceu outro rapaz, um jovem rico, ao que ele não hesita em comparar com O Grande Gatsby. Pouco depois Haemi desaparece…
Entre Faulkner e Murakami, Burning tem um magnetismo difícil de explicar. Há um tom de suspense, mas do ponto de vista pessoal e introspectivo. Uma história de obsessão e incerteza, onde a vida dos personagens se desenvolve naturalmente. Depois de um tempo, é muito provável que a atmosfera de Burning nos regresse à cabeça.
2018: Festival de Cannes: Selecção Oficial, Prémio FRIPESCI
2018: National Board of Review (NBR): Top dos 5 Melhores Filmes Estrangeiros
2018: Cahiers du Cinema: Nomeado para Melhor filme (4º lugar)
2019: IndieLisboa: Nomeado para Prémio Silvestre Melhor Longa-metragem
Drama - FR, 2000, M/6, 82 min. V. O. em Francês/Legendado em Português/English Subtitles
Realização: Agnès Varda
Fotografia: Stephane Krausz, Didier Rouget, Didier Doussin, Pascal Sautelet e Agnès Varda
Com: Agnès Varda, Bodan Litnanski, François Wertheimer
Com este filme, pretendemos homenagear a recentemente falecida Agnès Varda, considerada por alguns críticos de cinema como “a avó da Nouvelle Vague” e uma das pioneiras do cinema feito por mulheres e do cinema feminista. Nos últimos anos já tinha recebido importantes homenagens, como a “Palma de Ouro” de carreira do Festival de Cannes em 2015, o “Donostia” de San Sebastián em 2017 ou o “Óscar” honorário a toda a sua trajetória em 2017.
O quadro As Respigadoras de Jean-François Millet, onde um grupo de mulheres recolhe espigas de trigo sob o intenso sol da tarde, é o ponto de partida deste documentário, no qual percorre diferentes sítios do país à procura de histórias que se liguem com a ideia de colheita. Varda, como cineasta, também é uma glaneuse (respigadora, recolectora), e daí este título.
Os Respigadores e a respigadora faz uma crítica feroz ao consumismo desenfreado do nosso tempo, defendendo a reciclagem e o decrescimento voluntário como a única saída.
2001: Círculo de Críticos de Nova Iorque: Prémio Melhor Documentário
2001: Prémios do Cinema Europeu: Melhor Documentário
2001: Associação de Críticos de Chicago: Nomeado Melhor Documentário
2015: Festival de Cannes: Palma de Ouro de Carreira
Comédia, Drama - Portugal, 2018, M/14, 96 min. V. O. em Português/English Subtitles
Realização e Argumento: Gabriel Abrantes, Daniel Schmidt
Fotografia: Charles Ackley Anderson
Com: Carloto Cotta, Cleo Tavares, Anabela Moreira, Margarida Moreira, Carla Maciel
Diamantino é uma super estrela do futebol mundial, visto até como um dos melhores do mundo, que carrega às costas o símbolo de Portugal no campeonato do mundo. Diamantino é uma estrela que brilha pelo campo todo, ao lado de figuras caninas bem felpudas e gigantes (são aquilo que ele vê no relvado a par das balizas), quando, de súbito perde o seu mojo, o seu brilho, entrando então numa espiral negativa que acaba com a sua carreira da pior forma.
Admirado até então pela sua destreza com os pés e pela esperança que produzia junto do seu país, tornam-se por demais evidentes duas características que se misturam em doses idênticas no desenrolar da história: a sua ingenuidade e a sua ignorância. É desta forma que o ícone internacional inicia uma odisseia delirante de auto-reflexão sempre na busca do propósito da vida, onde se depara com temas sobre os quais nunca antes tinha reflectido: o neofascismo, a crise de refugiados e a modificação genética.
Com Carloto Cotta como protagonista, esta comédia dramática, com a assinatura de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, estreou no Festival de Cinema de Cannes, onde arrecadou o Grande Prémio da Semana da Crítica e o Palm Dog Award (melhor actuação canina num filme).
2018: Festival de Cannes: Grande Prémio da Semana da Crítica; Palm Dog
2018: Cine Ceará Festival Ibero-americano de Cinema: Prémio Melhor Montagem
2018: Philadelphia Film Festival: Prémio Especial do Júri - Longa-metragem de Ficção
2018: Portland International Film Festival: Prémio do Júri - Best of Ways of Seeing
Fantasia, Drama - SE, 2018, M/12, 101 min. V. O. em Sueco/Legendado em Português/English Subtitles
Realização: Ali Abbasi
Argumento: Ali Abbasi, Isabella Eklöf (Romance: John Ajvide Lindqvist )
Fotografia: Nadim Carlsen
Com: Eva Melander, Eero Milonoff, Viktor Akerblom
Tina é guarda aduaneira entre a Suécia e a Finlândia. Possui a estranha habilidade de cheirar os sentimentos das pessoas. A sua eficácia é formidável, já que esse sexto sentido permite identificar os contrabandistas. Mas quando ela se vê cara a cara com Vore, um homem aparentemente suspeito, as suas habilidades são colocadas à prova pela primeira vez…
Uma história de romance, atravessada por uma trama policial que, longe de ser anedótica, fornece ferramentas para aprofundar os dois personagens principais. Se Tina se sente atraída é porque finalmente encontra alguém que a trata como igual. Um romance que nunca se baseia nas questões superficiais clássicas de género , porque o vínculo entre ambos vai às raízes da identidade de cada um e às suas visões do mundo, tirando grande partido das belas imagens que ligam os personagens com a natureza. Enquanto o personagem de Tina progride, Border questiona diversos conceitos naturalizados pela sociedade a partir da beleza normativizada do amor romântico ou da vingança.
Com o mesmo argumentista do Let the Right One In, o jovem realizador sueco-iraniano, Ali Abbasi, atinge em Border uma história poderosa e original que beira o fantástico. Border re-imagina parte do folclore regional, inserindo-o no mundo contemporâneo sem que isso comprometa a credibilidade ou a solidez da história.
2018: Festival de Cannes: “Un Certain Regard” - Prémio Melhor Filme
2018: Hamptons Film Festival: Prémio especial de Interpretação (Melander e Milonoff)
2018: Festival de Valladolid - Seminci: Secção Oficial
Documentário - UK, 2018, M/12, 115 min. V. O. em Inglês/Legendado em Português
Realização, Argumento e Fotografia: Mark Cousins
Com: Mark Cousins, Beatrice Welles, Orson Welles
Uma carta de amor a Orson Welles. Narrada por Mark Cousins explora a vida, os amores, a filosofia e os filmes de Welles através de centenas dos seus esboços, pinturas e desenhos a carvão. A voz de Cousins é bem conhecida, porque foi apresentador de uma série de filmes de culto da BBC e dirigiu, em 2011, The Story of Film: An Odyssey, 15 episódios de televisão sobre a história do cinema.
Cousins alterna entre fazer perguntas a Welles, indagar sobre o mais recôndito da sua mente, e dar-lhe notícias do futuro: uma Nova Iorque transformada, um mundo com internet, “um tipo que pensa ser Charles Foster Kane” na Casa Branca. E Welles responde.
Beatrice Welles, a filha de Orson Welles, pediu na edição de Cannes de 2018 que a Netflix reconsiderasse a sua decisão de retirar do programa do Festival The Other Side of the Wind, obra póstuma de Welles. Frente à negativa da Netflix, o festival decidiu incluir The Eyes of Orson Welles, vencendo o “Olho de Ouro”.
2018: Festival de Cannes: Prémio Olho de Ouro - Menção Especial
2018: Odessa International Film Festival: Nomeado Melhor Documentário Europeu
2018: Edinburgh International Film Festival: Nomeado Melhor Documentário
Drama, Thriller - ES, 2018, 133 min. M/12. V. O. em Espanhol/Legendado em Português/English Subtitles
Realização e Argumento: Asghar Farhadi
Fotografia: José Luis Alcaine
Com: Penélope Cruz, Javier Bardem, Ricardo Darín
Todos lo Saben, escrito e realizado por Asghar Farhadi (The Salesman, About Elly), duas vezes premiado com o Oscar, é um thriller protagonizado por Javier Bardem, Penélope Cruz e Ricardo Darín. O enredo passa-se em Espanha, perto de Madrid, e retrata o sequestro de uma adolescente numa noite de festa entre familiares, deixando todos em total desespero. Laura é uma mulher espanhola que vive em Buenos Aires, que retorna à sua terra natal com a sua filha Irene, de 16 anos, e o seu filho Diego, de oito, para o casamento da sua irmã.
O enredo é rico e, à medida que o filme evolui, um grande número de segredos vão-se revelando dentro do círculo familiar, um facto que alimenta o mistério e o suspense da história. Embora excepcionalmente bem filmado e bem acompanhado pelas grandes prestações dos actores, Todos lo Saben transforma-se num estudo mais sombrio sobre o psicológico das pessoas sob pressão extrema, do que o thriller acerca de um sequestro, como tem sido comercializado. O filme examina o que pode acontecer quando a pressão intensa faz com que os segredos há muito enterrados subam à superfície.
2018: Festival de Cannes: Nomeado Palma de Ouro
2018: The Platino Awards for Iberoamerican Cinema: Melhor Actor, Melhor Actriz
Animação, Ação, Drama - BR, 2018, M/6, 73 min. V. O. em Português/English Subtitles
Realização: Gabriel Bitar, André Catoto, Gustavo Steinberg
Argumento: Eduardo Benaim, Gustavo Steinberg
Direcção Artística: Chico Bela, Vini Wolf
Com: Denise Fraga, Pedro Henrique, Matheus Nachtergaele, Mateus Solano
A longa-metragem de animação brasileira Tito e os Pássaros, realizado por Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto, conta a história de um menino que é responsável, juntamente com o seu pai, por encontrar a cura para uma doença. O mundo foi dominado por uma epidemia: um vírus está paralisando as pessoas com medo, encolhendo-as bolhas e eventualmente transformando-as em rochas.
Visualmente, Tito e os Pássaros mistura vários estilos de pintura e animação numa bela fusão com uma partitura musical e cinematográfica que certamente irá maravilhar o público. A animação é excelente. É bonita e subtil, deixando espaço para o espectador sintetizar e sonhar.
2018: Catalonian International Film Festival: Anima't Award
2019: Prémio do Público da Competição de Longa-metragens da Monstra – Festival de Animação de Lisboa