Logo FICLO

Arquivo

domingo — 13/08/2017

Versão Restaurada

Road Movie, drama – DE/FR/GB, 1984, 144 min – M/12 – V.O. em Inglês – Legendado em Português

Realização: Wim Wenders · Argumento: L.M. Kit Carson, Sam Shepard · Fotografia: Robby Müller · Com: Dean Stockwell, Harry Dean Stanton, Sam Shepard, Nastassja Kinski

paris_texas_2.jpg

Sinopse:

A inesquecível e hipnótica BSO de Ry Cooder soa sob um sol impiedoso e algo começa a mexer dentro de nós. Tendo sido vencedora da Palma de Ouro em 1984, é, no entanto, uma obra atemporal. Uma viagem profunda sobre as desilusões amorosas e as incertezas da vida. O argumento de Sam Shepard e a fotografia de Robby Müller são extraordinários. Há uma interessante articulação entre as cores gritantes do néon, com um excesso de informação visual, e o vazio do deserto. Da mesma maneira, as personagens encontram-se divididas entre dois pontos: entre onde estão e onde querem estar. Um filme precioso e elegante, num tom melancólico, mas sensual, pacientemente narrado e pleno de diálogos serenos. Trata-se de uma versão restaurada. Não a percam!

 

 

1984: Cannes: Palma de Ouro, Prémio do Jurado Ecuménico, FIPRESCI

1984: Nomeado para Globo de Ouro: Melhor filme estrangeiro

1984: BAFTA: Melhor director. Nomeado filme, guião adaptado e música

1984: Prémios César: Nomeado melhor filme estrangeiro

1984: David di Donatello: Prémio René Clair. Nomeado melhor filme estrangeiro

1984: Prémios do Cinema Alemão: 2º melhor filme

sábado — 12/08/2017
A Criada / The Handmaiden

Suspense, romance – KR, 2016, 144 min – M/18 – V.O. em Coreano, Japonês – English Subtitles / Legendado em Português

Realização: Chan-wook Park · Argumento: Seo-kyeong Jeong, Chan-wook Park · Fotografia: Chung-hoon Chung · Com: Min-hee Kim, Tae-ri Kim, Jung-woo Ha, Jin-woong Jo

ah-ga-ssi.jpg

Sinopse:

Park Chan-wook tem um talento inato para nos hipnotizar com imagens sugestivas que transitam por uma narração enigmática e cativante. O realizador volta a mostrar a sua delicada sensibilidade e o seu domínio absoluto da câmara com uma belíssima encenação.

Fala-nos de uma jovem coreana (Sookee) que é contratada por um falso conde para se fazer passar por empregada de uma abastada mulher japonesa (Hideko). O acordo estabelece que a rapariga convença a senhora dos benefícios de se casar com o conde para que este acabe por tomar conta da sua herança. A priori, o único problema que se apresenta é que a herdeira vive numa enorme mansão sob a influência de um tio tirânico, um amante dos livros e das práticas sadomasoquistas.

Park divide as sequências sexuais, livres de tabus, entre as relações de dominação e as relações de prazer (remetendo-nos para o Marquês de Sade). Park é um mestre da criação de ambientes. Pelo seu estilo elegante e pelo crescendo da intriga, o coreano dá continuidade à linha hitchcockiana marcada por Stoker. É, sem dúvida, um dos melhores filmes do ano. A National Board of Review já o escolheu como uma das cinco melhores produções em língua estrangeira.

 

 

2016: Festival de Cannes: Secção oficial longas-metragens a concurso

2016: National Board of Review (NBR): Melhores filmes estrangeiros do ano

2016: Festival de Sitges: Prémio do público

2016: Critics Choice Awards: Nomeado melhor filme de língua não inglesa

2016: Críticos de Los Angeles: Melhor filme estrangeiro e desenho de produção

2016: Satellite Awards: Nomeado melhor filme de língua não inglesa

sexta — 11/08/2017
Corações de Pedra / Hearthstone

Drama – IS, DK, 2016, 129 min – M/14 – V.O. em Islandês – English Subtitles / Legendado em Português

Realização e Argumento: Guðmundur Arnar Guðmundsson · Fotografia: Sturla Brandth Grøvlen · Com: Baldur Einarsson, Blær Hinriksson, Diljá Valsdóttir

hjartasteinn.jpg

Sinopse:

Corações de Pedra é basicamente um filme sobre a amizade. Aborda também a descoberta da sexualidade e a descoberta, tantas vezes desconcertante, da identidade sexual. A beleza das grandiosas paisagens da Islândia não diminui nem oculta a violência, a solidão ou a apatia deste povo isolado de pescadores. Uns pais ausentes que desconhecem os filhos. Umas crianças que vão descobrindo a sua maturidade copiando padrões de violência. E, não obstante este ambiente hostil, umas crianças que lutam pela amizade. Uma obra que se integra muito bem na tradição dos grandes filmes sobre a infância e a forma de encontrar o caminho para a vida adulta (como, por exemplo, Les quatre cents coups, para nos referirmos a um realizador cujo filme Fahrenheit 451 também será exibido na Mostra17). Corações de Pedra é um filme pleno de pureza e honestidade.

 

 

2016: Festival internacional de cinema de Chicago: Melhor filme, nomeado para competição de novos realizadores

2016: Festival de cinema europeu de Sevilha: Prémio Ocaña

2016: Festival de cinema de Veneza: Leão Queer

2017: Festival internacional de cinema de Dallas: Prémio especial do júri, nomeado para grande prémio do júri

quinta — 10/08/2017
Na Vertical / Staying Vertical

Comédia, drama – FR, 2016, 98 min – M/18 – V.O. em Francês – English Subtitles / Legendado em Português

Realização e Argumento: Alain Guiraudie · Fotografia: Claire Mathon · Com: Damien Bonnard, India Hair, Raphaël Thiéry

rester_vertical.jpg

Sinopse:

Alain Guiraudie é um dos cineastas franceses mais alternativos do panorama actual. Estamos perante um road movie, uma personagem que procura uma transformação interior, num filme que oscila entre sonho e realidade, entre aventura e quotidiano, entre comédia e drama. Guiraudie afirma que Na Vertical tem uma marcada posição política que consiste em defender a vida fora das grandes metrópoles – “existe vida para lá das grandes cidades” –, e denuncia que, desde os anos 80, as revistas, a televisão e o cinema deram-nos a impressão que os pobres ou os agricultores não têm direito à sexualidade e, ainda menos, à homossexualidade. Leo, um jovem escritor fascinado pelos lobos, tenta escrever um guião quando conhece Marie e acaba por vaguear pelo interior de França com um bebé, superando uma série de encontros inesperados e fazendo o necessário para manter-se firme. Guiraudie tem o dom de converter o escabroso em natural, explorando a complexidade do ser humano e os seus impulsos (hétero e homossexuais), entre naturalismo e onirismo com lúcido sentido de humor. Guiraudie insiste que este é seu filme mais "queer".

 

 

2016: Prémios César: Nomeado melhor actor revelação (Damien Bonnard)

2016: Festival de Sevilha: Melhor director

2016: Festival de Cannes: Secção oficial longas-metragens a concurso

quarta — 9/08/2017

Special D. LYNCH

Documentário, biografia – US, 2016, 90 min – M/16 – V.O. em Inglês – Legendado em Português

Dynamic [ Boat, Out Yonder: Neighbor Boy, Bug Crawls, Intervalometer Experiments] Curtas-metragens de David Lynch. – US, 2006– 37 min – V.O. em Inglês – Legendado em Português.

Realização e Argumento: Rick Barnes, Jon Nguyen, Olivia Neergaard-Holm · Fotografia: Jason S. · Música: Jonatan Bengta

david_lynch_the_art_and_life.jpg

Sinopse:

Recentemente surgiram dois novos olhares sobre David Lynch, o livro The Man from Another Place, de Dennis Lim, e o documentário David Lynch – A Arte Vida, de Jon Nguyen, Rick Barnes e Olivia Neergaard-Holm. Estes dois trabalhos conseguem decifrar um dos criadores mais influentes e esquivos do nosso tempo, optando por um caminho de acentuada simplicidade e transparência. Apesar do seu universo imaginário, obscuro e intrincado, Lynch é uma pessoa simples, serena e tranquila. Um Lynch que medita. Um Lynch, Zen. Em David Lynch – A Arte Vida não se fala de cinema. Para Nguyen, Barnes e Neergaard-Holm, Lynch é, fundamentalmente, um artista. Não tentam esmiuçar o conteúdo dos filmes de Lynch, mas capturar a sua essência de artista e pintor, bem como a sua vida quotidiana e a clareza das suas recordações de infância. Os documentaristas optam por mostrá-lo no seu ateliê com as suas telas: uma peculiar apropriação de pós-expressionismo e Arte Bruta. Lynch ouviu o vento num quadro e decidiu fazer um desvio cinematográfico. Os seus filmes são transes e, tal como Lynch, os cineastas deixam que seja o espectador a estabelecer todas as conexões.

A seguir ao documentário serão exibidas curtas-metragens do realizador, até agora, inéditas em Portugal.

“Vemo-nos dentro de 25 anos”, sussurrava Laura Palmer no último episódio de Twin Peaks. Essa promessa tornou-se realidade. Este ano cumprem-se os 25 anos da estreia de Twin Peaks e, com grande expectativa, no passado mês de maio, foram exibidos em Cannes os dois primeiros episódios da terceira temporada da série.

terça — 8/08/2017

Documentário, musical – US/FR, 2015, 76 min – M/14 – V.O. em Inglês – Legendado em Português

Realização e Argumento: Laurie Anderson · Fotografia: Fernando Lockett · Música: Laurie Anderson · Com: Laurie Anderson, Archie, Jason Berg

heart_of_a_dog.jpg

Sinopse:

A partir da sua própria experiência e das suas memórias, marcadas pelas perdas recentes da mãe e do seu companheiro Lou Reed, Laurie Anderson, uma das mais reconhecidas artistas norte-americanas, traça uma reflexão sobre a vida, o amor e a morte. Coração de Cão é um filme - ensaio, narrado com a sua própria voz, onde mistura histórias de infância, teorias filosóficas e políticas com as suas experiências pessoais, como a relação com Lolabelle, a sua adorada cadela “rat terrier”. Embora não tenha uma relação directa com o romance de Bulgakov, de idéntico título, partilha com este o afecto mútuo com o qual humanos e cães se olham mutuamente. Um filme sensível e poético a não perder!

 

 

2015: Festival de Veneza: Secção oficial longas-metragens a concurso

2015: Prémios Independent Spirit: Nomeado melhor documentário

2015: Prémios Gotham: Nomeado melhor documentário

segunda — 7/08/2017
Secrets & Stories

Documentário, biografia – GB, 2017, 92 min – M/12 – V.O. em Inglês – Legendado em Português

Realização: Nick Willing · Fotografia: Roger Chapman · Com: Fiona Bradley, Luís Amorim de Sousa, Ron Mueck, Jorge Sampaio

paula_rego_secret_and_stories.jpg

Sinopse:

Em Paula Rego, Histórias & Segredos a pintora revela-se pela primeira vez, surpreendendo o seu próprio filho, o cineasta nick willing. Com 80 anos, Paula Rego decidiu contar a sua história e os seus segredos ao seu filho mais novo. O resultado é um documentário pleno de surpresas. Willing trabalhou sem argumento prévio, deixando que fosse a vida da mãe a guiar o documentário, combinando o arquivo familiar de filmes e fotografias com entrevistas que percorrrem 60 anos da vida da sua mãe. As suas pinturas são um vislumbre de um mundo íntimo cheio de demónios, ilustrado em pastel, carvão e óleo. Como resultado desta revelação do seu mundo, foram descobertas novas pinturas do seu “período blue”, a época terrivelmente depressiva da pintora. Paula Rego foi a primeira artista em residência na National Galery do Reino Unido, tem um museu público exclusivamente dedicado à sua obra e foi armada “Cavaleira” pela Rainha. O crítico de arte Robert Hughes afirmou que Paula Rego é “a melhor pintora viva da experiência femenina”. Quem não conhece Paula Rego tem agora uma excelente oportunidade e quem já a conhece descobrirá novas histórias e segredos!

domingo — 6/08/2017
Sol de Chumbo / The High Sun

Drama, romance – SI/HR/RS, 2015, 123 min – M/12 – V.O. em Croata– English Subtitles / Legendado em Português

Realização e Argumento: Dalibor Matanić· Fotografia: Marko Brdar · Com: Tihana Lazovic, Goran Markovic, Nives Ivankovic

zvizdan.jpg

Sinopse:

Um Romeu e Julieta em pleno conflito dos Balcãs, regido pela paixão no seu estado mais puro. O temperamental governa todas as acções. Uma paixão que arrasta todos os personagens, que arrasa tudo, não lhes deixando espaço nem sequer para a reconstrução de si mesmos. Vencedor do prémio do Juri na seccão Un Certain Regard do Festival de Cannes de 2015, Sol de Chumbo mostra-nos, em três momentos diferentes, os efeitos da guerra nos seus aspectos mais íntimos. Com estas três histórias, que de certo modo se repetem, Matanić pretende transmitir-nos este ciclo fatal de repetição em que os personagens estão mergulhados; o regresso do ódio, de que a natureza (o lago) e as casas dos dois povos são testemunhas. No entanto, o realizador apela à responsabilidade de toda a ficção, a de colocar um ponto final a este ciclo infernal: abrir uma porta e encontrar um ponto de fuga.

 

 

2015: Festival de Cannes: Prémio especial do Júri, Un Certain Regard

2015: Satellite Awards: Nomeado melhor filme de língua não inglesa

2016: Prémios do Cinema Europeu: Nomeado prémio do público

sábado — 5/08/2017
O Vendendor / The Salesman

Suspense, drama – IR/FR, 2016, 125 min – M/12 – V.O. em Persa – English Subtitles / Legendado em Português

Realização e Argumento: Asghar Farhadi · Fotografia: Hossein Jafarian · Com: Shahab Hosseini, Taraneh Alidoosti, Babak Karimi

forushande.jpg

Sinopse:

Vencedor do seu segundo Óscar para o Melhor Filme em língua estrangeira este ano, Asghar Farhadi não assistiu à cerimónia em protesto contra as leis discriminatórias de Trump. De novo com dois dos seus actores preferidos, Shahab Hosseini e Taraneh Alidousti, o cineasta iraniano fala-nos da relação sentimental de um casal de actores de teatro, Emad e Rana. Um casal com uma pacífica e estável relação que se verá repentinamente alterada quando são obrigados a mudar de casa. A história desenrola-se paralelamente à obra teatral de Arthur Miller, Morte de um caixeiro viajante (1949) que ambos interpretam no filme. O paralelismo entre a obra de Miller e a de Fahradi, com um excelente argumento, encontra-se no ritmo e no crescendo dramático das duas acções que se desenvolvem simultaneamente. Com muita sensibilidade, Farhadi coloca no seu brilhante desenlace a questão ética da culpabilidade, da vergonha do que dirão, do orgulho, da sede de vingança, e do perdão, mas também dos preconceitos sociais. Este filme questiona a educação machista da sociedade iraniana, aplicável às outras sociedades. Uma história, cheia de camadas, com personagens humanas – com defeitos e virtudes – extremamente bem contada.

 

 

2016: Prémios Óscar: Melhor filme de língua não inglesa

2016: Globos de Ouro: Nomeado melhor filme de língua não inglesa

2016: Festival de Cannes: Melhor actor (Shahab Hosseini) e guião

2016: National Board of Review (NBR): Melhor filme de língua não inglesa

2016: Critics Choice Awards: Nomeado melhor filme de língua não inglesa

2016: Festival Internacional de Valladolid - Seminci: Secção oficial

2016: Satellite Awards: Melhor filme de língua não inglesa

sexta — 4/08/2017
Glória / Glory

Drama, comédia – BG/GR, 2016, 101 min – M/14 – V.O. em Búlgaro – English Subtitles / Legendado em Português

Realização: Kristina Grozeva, Petar Valchanov · Argumento: Kristina Grozeva, Decho Taralezhkov · Com: Stefan Denolyubov, Margita Gosheva, Milko Lazarov

slava.jpg

Sinopse:

Joia sociopolítica e grande vencedor do Festival de Gijón 2016, Glória é um sarcástico retrato crítico da sociedade búlgara, que mostra duas faces muito diferentes do país. É a segunda longa-metragem, depois do filme The Lesson (Urok), dos búlgaros Kristina Gozeva e Petar Valchanov, baseada em factos relatados nos jornais (“newspaper-clippings trilogy”). Cinema social, narrado em tom cómico, que analisa até onde podem ir os altos cargos para se manterem no topo, sem se importarem com as consequências. A não perder!

 

 

2016: Festival de Locarno: Competição Internacional

2016: Festival de Gijón: Melhor filme, guião e prémio FIPRESCI