24ª mostra de cinema ao ar-livre 

Em momentos de grande preocupação é quando nos agarramos mais à esperança, à ideia de que podemos fazê-lo de outro modo, de que é tudo possível se o fizermos em conjunto, de que em comunidade nunca estamos sozinhos, da importância da sororidade feminina ao longo do tempo, como no filme O Corno. Apercebemo-nos da nossa conexão com a natureza, aliás de que não há separação, de que somos natureza! 

Outro grupo de filmes desta Mostra  faz-nos prestar atenção sobre o que está a pairar sobre nós, mas que não vemos, como um fogo a aproximar-se em Céu em Chamas. A relação que temos com o campo - transformada num cenário -  onde olhamos para a natureza como se esta oferecesse um serviço apenas dentro de uma lógica produtiva e extractivista, como  transluz no filme Evil doesn’t Exist, onde se colocam questões muito pertinentes sobre o turismo de natureza, sobre o habitar, mas também sobre a habitação. E filmes como The Old Oak vêm por sua vez relembrar-nos sobre o que não queremos que se repita, do colonialismo, à guerra, até à ascensão da extrema direita. 

Mas há, nesta Mostra, todo um grupo de grandes realizadores consagrados que se aferram hoje, mais que nunca, à esperança, e, inclusive, acreditam que é através da ficção que podem propiciar um olhar menos fatalista, propor outras alternativas, outras formas de olhar, de juntar, de sentir, de parar e observar, de relacionar com a alteridade. 

Estas são as grandes linhas do conjunto de filmes desta 24ª edição da Mostra que nos podem ajudar a observar, mas também a reparar e renovar essa esperança tão enfraquecida nos últimos tempos; filmes que nos impulsionam a correr juntos e indómitos pelos campos, como no filme de Kaibutsu.

Comunidade, Sororidade Feminina, Ser Natureza, Fogo, Água, Terra, Alternativas, Multiespécies, Rock and Roll, Floresta, Heterotopias, Indómito, Amizade, Silvestre, Transparências, Bossa Nova